Clínica Infantil Indianópolis

Bronquiolite, Bronquite, Asma e Broncoespasmo

OLÁ, GOSTARIA DE TIRAR UMA DÚVIDA:

QUAL A DIFERENÇA ENTRE BRONQUIOLITE, BRONQUITE, ASMA E BRONCOESPASMO?

MAÍRA KAIZER  (CRM 140 468), OBRIGADA!
Dra. Maíra, 
Existem sintomas comuns a várias doenças – doenças que cursam com os mesmos sintomas.
São doenças com abordagem diagnóstica e terapêutica complexa e polêmica, uma vez que, devido à pluralidade de causas, é necessário conhecimento multidisciplinar e a avaliação de uma equipe multiprofissional, por vezes, com pareceres diferentes. 
Talvez o paradigma dessas doenças seja a Asma, doença respiratória crônica que resulta da interação genética e ambiental, cujos sintomas são o característico “chiado no peito” (broncoespasmo, sibilância ou hiperreatividade brônquica), tosse predominantemente noturna e a falta de ar (dispnéia) que originou o nome. A palavra Asthma que vem do grego, significa lutar pelo fôlego. 
Na realidade, exceto por algumas particularidades que não chegam a comprometer, este quadro clínico pode representar tanto a Bronquiolíte como a Bronquite e a Asma.
Quanto ao broncoespasmo, sua referência como diagnóstico não é apropriada, tanto que não consta na listagem do CID (Código Internacional das Doenças). O nome está relacionado com alterações estruturais que ocorrem nestes processos, juntamente com a inflamação (edema) e hipersecreção dos brônquios, portanto, com a fisiopatologia da doença. Estes fatores, caracterizam a hiperreatividade brônquica que é o termo mais correto.

Com relação a sua pergunta: 
Em termos didáticos, para melhor compreensão, a primeira crise de “chiado no peito”, nos primeiros dois anos de vida (bebês ou lactentes), recebe a denominação de Bronquiolite Aguda e os episódios que se sucedem são diagnosticados como Bronquiolite de repetição. A causa é infecciosa. De acordo com casuística norte-americana (University of Arizona – Tucson), estima-se que a Bronquiolite Aguda incida em 35% dos lactentes e cerca de 60% sofrerão uma segunda crise (Bronquiolite de repetição).  
Quando ocorrem três episódios em dois meses ou quando os sintomas (tosse / “chiado no peito”) persistem por trinta dias ou mais, o diagnóstico passa a ser o da Síndrome do Lactente comSibilância ou simplesmente Bebê Chiador, termo que, apesar de soar simpático, reflete as evoluções atípicas de Bronquiolite. 
Em se tratando do Bebê Chiador, questiona-se atribuir a causa das crises exclusivamente às infecções. 
Nesses casos, é necessário investigar a existência de outros fatores que possam estar interagindo com os processos infecciosos junto às crises de tosse / “chiado no peito”, a exemplo do refluxo gastroesofágico e da alergia às proteínas do leite de vaca. A abordagem diagnóstica e terapêutica é complexa e o prognóstico mais reservado. 
A partir dos dois anos, quando o “chiado no peito” for causado pelas infecções, ao invés de Bronquiolite, o diagnóstico passa ser o de Bronquite. É uma nomenclatura que visa correlacionar o sintoma com a anatomia (é um enfoque estrutural) – Bronquiolite corresponde à inflamação dos brônquios mais finos da árvore respiratória e Bronquite é a inflamação dos brônquios de maior calibre. O fator importante, que marca essa idade, é a possibilidade de se rastrear a alergia aos inalantes (poeira, ácaros…) e fixar um quadro mais completo com todas as possíveis causas e instituir um tratamento mais direcionado com maior possibilidade de sucesso. A positividade dos exames é de 85%. Nesses casos, o diagnóstico passa a ser o de Asma, reservando-se o termo de Broncoespasmo ou de Hiperreatividade Brônquica para os casos indefinidos, ou seja, quando não se consegue determinar uma causa ou quando o problema é multifatorial. O objetivo é caracterizar o “chiado no peito” sob o ponto de vista fisiopatológico. Na realidade, é um termo que não compromete, o nome broncoespasmo causa menos impacto quando comparado ao de Asma ou Bronquite.

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