Clínica Infantil Indianópolis

Esclarecendo algumas dúvidas sobre alergia

A alergia pode se manifestar em qualquer idade. Foi demonstrado estatisticamente que em cada grupo de quatro pessoas, uma já apresentou alguma reação alérgica em uma fase de sua vida e a previsão não é otimista. Estima-se que até o final deste século, uma entre duas pessoas irá apresentar sintomas, principalmente respiratórios, em virtude da poluição ambiental crescente e do menor contato com a natureza.

Além dos fatores ambientais, a alergia representa uma resposta do organismo cuja essência parece ser de origem genética (hereditária). A casuística demonstra a influência da hereditariedade no cenário das alergias: quando não há história familiar, a probabilidade de uma criança apresentar qualquer reação alérgica é de aproximadamente 15%, se houver antecedentes em um dos pais, os riscos sobem para 35 -50% e se ambos forem alérgicos, as chances chegam a 50 – 75% . Felizmente a transmissão não é dominante, de modo que nem todos membros da família nascem afetados. Importante esclarecer que a pessoa herda a tendência à alergia e não necessariamente a mesma doença e não há como prever como e quando irá se manifestar.

Geralmente a primeira reação alérgica surge na infância com o eczema, o que não implica obrigatoriamente em uma sucessão de eventos alérgicos, embora na prática o que se constata com certa freqüência é uma reação alérgica em cadeia (eczema – bronquite – rinite),  motivo desses bebês dificilmente deixarem de ser rotulados como alérgicos (bebê atópico).

Convém ressaltar que se a reação alérgica em cadeia é relativamente comum, a ocorrência simultânea de mais de uma manifestação alérgica ( alergia múltipla ) é rara. 

–  Apesar da alergia ter uma incidência mais significativa após os 2 anos de idade, registra-se no primeiro ano de vida um predomínio das alergias alimentares, especialmente ao leite de vaca, com manifestações gastrointestinais (cólica e/ou diarréia) ou respiratórias. O único alimento relacionado com crises de bronquite, principalmente nesta faixa etária, é o leite de vaca, graças às suas frações protéicas alfa-lactoalbumina, beta-lactoglobulina e caseína, não tendo qualquer ligação com seus açúcares (dissacárides), como erroneamente são considerados os casos de intolerância à lactose.

–  Entre 1 e 3 anos prevalecem as alergias alimentares com manifestações cutâneas, representadas pelo eczema e urticária .Alguns medicamentos também podem causar este tipo de reação alérgica, entre os quais, os antibióticos derivados da penicilina,analgésicos, antiinflamatórios não hormonais e qualquer outro remédio contendo corante ou aromatizante, independente do seu princípio ativo.

–  Dos 3 aos 15 anos, chamam mais atenção as alergias respiratórias com a bronquite sendo a principal doença alérgica até os 7 anos e a  rinite a partir daí.

De acordo com  dados do Ministério da Saúde de 2002 a bronquite representa 10% das doenças alérgicas e cerca de 80% dos casos  são diagnosticados até os 7 anos . Outro levantamento realizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2004 revela que 7% da população mundial sofre de bronquite. Alguns autores, apoiados no fato dos agentes inalados responsáveis pelas crises de bronquite e de rinite serem investigados somente após os 2 anos, acreditam que esses dados estatísticos estejam subestimados.

Na bronquite tem maior relevância os agentes inalados encontrados na residência como a poeira, ácaros (organismos microscópicos que vivem na sujeira), a Blomia tropicalis (ácaro somente encontrado em países tropicais), fungos (bolor, mofo) e epitélios (caspas) de animais domésticos. Os pólens (elementos fecundantes masculinos das flores com aspecto semelhante a um pó fino) que são os principais alergênicos transportados pelo ar no meio ambiente, estão mais relacionados com a rinite alérgica, justificando sua outra designação de polenose. 

Estes quadros respiratórios estão sob influência da sazonalidade.No inicio dos meses frios há maior incidência de alergias do aparelho respiratório, pois além da inversão térmica, o clima é mais seco e as pessoas ficam mais tempo confinadas em ambientes fechados.

–  No ranking das alergias, a bronquite seguida pela rinite ocupam lugares de destaque e somente dão trégua no verão , quando as alergias dermatológicas  começam despertar mais  atenção.

Entre estas se destacam as dermatites de contato, resultantes da exposição a um determinado agente agressor como filtros solares, cremes, hidratantes, frutas cítricas (limão, laranja, mexerica) e o látex, material extraído da seringueira que integra uma série de utensílios do  dia-a- dia como luvas, chinelos, brinquedos, chupetas, bicos de mamadeiras ,etc. 

Nestes casos a pele pode ficar empolada com vermelhidão, coceira e descamação. Quando não afastado o contato com o produto, mesmo com tratamento adequado, o processo pode se fazer acompanhar de rachaduras, dor e até mesmo sangramento.Nos casos extremos, muito raros, pode ocorrer reação anafilactóide representada pela sensação de calor, inchaço nos lábios e nos olhos, manchas vermelhas pelo corpo com intensificação da coceira, rouquidão e falta de ar. A complicação mais temível é o choque anafilático caracterizado por edema (inchaço) de glote (abertura da laringe), que pode interromper a respiração, sufocando, e queda da pressão arterial.

O tratamento é baseado em antiinflamatórios tópicos e cremes hidratantes, além de antialérgicos e antiinflamatório hormonal (cortisona). Para o sucesso terapêutico e evitar recidivas, é imprescindível o afastamento do agente causal.

Os imunobiológicos (vacinas), têm indicação específica para bronquite, rinite e estrófulo (alergia a picada de insetos).

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