OS ALIMENTOS ABREM AS PORTAS PARA AS ALERGIAS
Autor: Rubens T Bonomo
A primeira reação da alergia costuma ser alimentar e se manifestar na infância. Aproximadamente 80% dos casos ocorrem até os 15 anos e os riscos aumentam quando há outros casos na família.Os alimentos implicados em 80% a 90% dos casos são o leite de vaca e seus derivados, ovo – principalmente a clara, glúten (trigo, centeio, cevada e aveia em menor escala), soja e peixes. Em idade mais avançada, à medida que o cardápio vai sendo incrementado pode ocorrer reação alérgica com a introdução de outros alimentos como o chocolate e algumas frutas cítricas. Nas crianças o grande vilão é o leite de vaca, nos adolescentes e nos adultos destacam-se os frutos do mar, o amendoim torrado e as frutas oleaginosas (castanhas).
Parece que as reações mais graves, com maiores riscos de anafilaxia, estão relacionadas com os frutos do mar.
Nesses casos, os sintomas são imediatos – de segundos até duas horas após a ingestão do alimento. Nos outros casos – a maioria – geralmente os sintomas surgem nos primeiros 10 a 14 dias do seu consumo e independem da quantidade ingerida ( Τ ).
A literatura assinala que menos de 1% das alergias alimentares são desencadeadas por aditivos: corantes, conservantes, edulcorantes, espessantes, etc.
Freqüentemente, a primeira manifestação da alergia alimentar é a cólica. A segunda reação costuma ser cutânea, com o surgimento da Dermatite Atópica (alérgica), representada pelo eczema e urticária – raramente há associação de alergia alimentar com urticária crônica. A reação cutânea à alergia alimentar é deflagrada em tenra idade, todavia, esta manifestação inicial costuma ser leve, sendo confundida com brotoejas e atribuída ao suor e ao calor, de maneira que esse alerta para a predisposição (carreira) à alergia passa despercebido, até que ocorra uma reincidência com sintomas mais intensos. Muitas destas crianças, com antecedentes de alergia alimentar, apresentarão alergia aos inalantes em idade mais avançada – poeira/ácaros, Blomia tropicalis, gramíneas (pólens) e pêlos de animais – com quadros de Rinite e Asma. Essa sucessão de eventos alérgicos é chamada “marcha atópica”, reação em cadeia ou efeito dominó.
Convém enfatizar que, apesar dessa tendência evolutiva, não é obrigatória a passagem por todos esses estágios (carreira de alérgico). O fato da criança não ter apresentado cólica ou Dermatite Atópica não a isenta de sofrer crises de Asma ou Rinite em qualquer idade, da mesma forma que nem todas as crianças com história de alergia alimentar terão alergia respiratória. O tipo de reação e a intensidade dos sintomas variam conforme a sensibilidade de cada um.Via de regra, a alergia alimentar quando se manifesta na infância é reversível, contudo, não há como prever sua duração e riscos de reincidências. Parece ser consensual que quanto mais tardiamente se manifestar maiores as chances de cronicidade ( Τ ).
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